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segunda-feira, 8 de outubro de 2012

O Livro do Kijeca



O caipira brasileiro Kijeca, nasceu no interior do Estado de São Paulo, seu bis avô imigrante espanhol natural de Vigo veio para o Brasil exercendo a profissão de marceneiro, era bravo, magro, alto com cara de passarinho. Sua filiação materna de tradição rural brasileira desde de o século XVI aqui já estavam estabelecidos quando o imigrante espanhol desembarcou no século XVIII no porto do Rio de Janeiro. Fruto destas sementes, Kijeca herdou um perfil alto e magro, e quando montado em seu pangaré tordilho, embora sem armadura, lembrava muito a silhueta de um errante cavaleiro espanico. 

Quando inicie este livro, fiz diversos contos sobre as As Aventuras do Kijeca, porem em um inusitado almoço com o amigo Gizé, surgiu a idéia de evoluir o livro para um romance, ficção. O desafio foi uma excitante inspiração e percebi que o relato do personagem teria vida própria ficando ainda o autor com a função de contar sua jornada ou sua cavalgada pela encruzilhadas da vida.

Para tal, resolvi ler o maior numero de livros até encontrar um contador de historia que estivesse em sintonia com a proposta do personagem, e apesar de inúmeras tentativas, cheguei a conclusão que este autor seria eu mesmo, o próprio contador de historia, escrito o mais próximo possível da forma como conto os contos, sem aumentar nenhum ponto, ou quase nenhum.

A pesquisa porem já havia sido realizada e os autores que inspiraram o meu personagem foram preservados, Miguel de Cervantes, Monteiro Lobato e Cornélio Pires causaram um verdadeiro tsuname literário ao autor e proporcionaram as melhores ondas para o Kijeca deslizar por suas historias.

Sua cavalgada começou ha muitos anos, séculos, sem importar quando exatamente aconteceram, mas não antes da inquisição espanhola do século XV (1470), e assim quem viajou no tempo não foi o personagem mas sim a historia que poderia muito bem ter acontecido nos dias atuais. 

Assim o sempre atual personagem Kijeca, carrega no ombro mais de 400 anos de historias, todas de fato ocorridas com ele, acreditem, sei que podem achar isso impossível ou chamar de ficção, mas afinal desde que faça sentindo, que diferença faz quando isso aconteceu.

Mas como podemos imaginar o Kijeca, como ele é ? Simples !

Acrescente em um liqüidificador neuro-imaginário junte a audácia do errante cavaleiro Don Quixote de Lamancha, acrescente a pitoresca e inusitada contribuição do Jeca Tatu e uma boa dose do matuto Joaquim Bentinho, sem triturar muito, encontrará o astuto porem controvertido Kijeca.

Acredito que cada autor pode transcrever através de metáforas as histórias contadas pelos seus personagens, criticas e crônicas oportunas para a época que relatavam a censura e intolerância da sociedade.

Usando e abusando desta parábola, Kijeca pode expor e retratar sua própria essência, como pensa, com quem se identifica, quais suas heranças, seus valores essências, ético e morais, ingenuidade, honestidade e dignidade retratados nas entre linhas de suas histórias, permitindo a todos uma reflexão.

Assim e se por acaso o leitor se identificar com o personagem, verificará que de fato todos temos um pouco de Kijeca, porem passamos a vida relutando em admitir nossas fraquezas que impede de crescer e usufruir de nossas virtudes.

Porem ao caipira Kijeca que nasceu autentico e assim se preservou, vivendo como uma criança livre sem ser contaminado pela sociedade, podendo melhorar a cada dia, sem precisar ser melhor do que ninguém, podendo ser sempre melhor do que já foi.

Kijeca viveu muitas aventuras e em quase todas elas, quase tudo deu errado como deve de ser, mas errar é fundamental, pois quando se erra, se questiona, e podemos mudar questionando mudamos para melhor e  este crescimento trás satisfação.

Assim moldado pela natureza, suas características o tornavam singular ao mesmo tempo que carismático. Seu ritmo de acordo com o passo da cavalgada, manteve em sintonia com o mundo. Com afeto caipira, soube preservar seu maior patrimônio o amor que habita seu coração.

Sonhador, antecipou muito de suas aventuras, se protegendo do olhar alheio e hostil. Sua coragem e determinação foram brindados com alegria e através da humildade usou as leis da natureza para aprimorar sua própria educação.

Esta é a filosofia de vida do Kijeca, satisfeito, vive a vida sempre contente, alegre e feliz, apesar de suas aventuras erradas ou errantes !


Um comentário:

  1. Relendo.....a esperar novos rabiscos. Após ganhar a vida na cidade grande,a volta pra casa,como será que foi o retorno? O kijeca não é mais o mesmo,o campo também não!

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