Todo ano chove pedra de gelo.....
Ocorre sempre no final do mês de outubro ou inicio de novembro quando a seca esta acabando e começa a chover forte, algumas mudanças bruscas de temperatura criam uma pequena tormenta. Neste pequeno intervalo de tempo costumamos vivênciar uma espécie de tempestade tropical com fortes ventos, raios e pedra de gelo.
Angelim Morcego - Goiás |
Os estudiosos dizem que o efeito estufa promove um desequilíbrio o clima quente e seco é trocado rapidamente por uma frente fria e as tempestades tropicais chegam rápido. Desde criança vejo isso acontecer, e não me lembro de efeito estufa naquela época, mas me lembro das chuvas de gelo ou chuva de granizo. Estes pequenos pedaços irregulares de gelo de todos os tamanhos, são despejados das nuvens junto com fortes ventos, rajadas assustadoras, sem pingo de chuva, as janelas começam a bater, o vento empurra as copas das arvores, o céu fica negro, o tempo esfria e o vento gela, e alguns tilintar de pedras de gelo batendo na janela de vidro confirmam a tempestade.
Derrepente as pedras de gelo caem do céu, pesado e com violência. Na zona urbana quebra as telhas, derruba as arvores nas calcadas, algumas caem sobre os carros, outras na rede elétrica e interrompem o fornecimento de energia, acaba a luz, interrompe o celular e a Internet, tudo para, em alguns minutos a cidade testemunha um maior estrago.
E na zona rural o que acontece ?
Longe da cidade, o gelo também caem forte, as plantações são afundadas, as flores arrancadas, as folhas mutiladas, na mata as arvores caem, gigantescas e centenárias, não resistem a força da tempestade. As arvores quem caem na cidade e no mato são mas mesmas, mas o destino delas são muito diferentes. Na cidade será limpada pela prefeitura, cortada com moto serra no dia seguinte, um caminhão fará a limpeza, e em algum lugar na periferia em um terreno baldio, um local limpo e plano e de fácil acesso para o caminhão basculante entornar e despejar o material orgânico.
E na mata quando uma arvore é derrubada pelo vento, junto um barranco enorme desmorona, o tronco vira do avesso, uma enorme cratera é aberta e expõe o subsolo, minhocas, lagartos e aranhas, perdem a moradia. Na outra ponta a copa da arvore, onde habitam as aves e formam os ninhos, vem abaixo derrubando outras ainda menor, o tronco encrava no chão abrindo um valeta, uma trincheira de madeira de lei, solida e roliça atravessa, são dez metros de tronco, com casca despedaçadas e espalhadas pelo chão, as folhas em breve ficarão secas os galhos mais frágeis apodrecem mais rápido, os animais tem que desviar o caminho, os pássaros descem para comer os insetos, enquanto os lagartos comem os ovos que estavam nos ninhos destruídos, mas a natureza se renova e tudo se transforma.
Assim a chuva de pedra de gelo todo ano passa destruindo o que estiver pela frente, obrigando a renovar e mudar, desviar o caminho, buscar novas rotas, apresentar outros suprimentos, inovar os alimentos e regenerar o eco-sistema abrindo espaço para as novas arvores, sementes que estavam cobertas pela copa e não deixavam crescer, afogadas pela sombra gigantesca da centenário copa de arvore, monumento verde.
Abençoada então toda chuva de pedra de gelo que conseguir derrubar nas matas grandes arvores, pois são apenas algumas menos providas de raízes profundas que serão arrancadas do chão, mas a natureza se incumbirá de transforma-la em precioso alimento e espaço para renovação.
Triste porem e a arvore urbana, que jogada ao leo não servira para nada, sua sombra fará falta esperando a boa vontade da prefeitura que talvez plante outra no mesmo local. Longe e abandonada no chão seco sem regeneração onde foi despejada vai secar e apodrecer esquecida, ate que algum fogo sem explicação transforme aquele monte de madeira em carvão.
Morreu ou Nasceu ? |